No universo das cervejas, as escolas Inglesa e
Americana se destacam por suas contribuições únicas e marcantes. A tradição da
Inglesa, com suas cervejas secas, estilos históricos e elegância clássica. E a
ousadia da Americana, que transformaram a herança britânica em algo totalmente
novo. Em continuação a nossa serie conheça mais características e principais
estilos que fazem dessas duas escolas pilares do mundo cervejeiro.
Escola
Inglesa
A
Escola Inglesa tem suas raízes profundamente ligadas às tradições e condições
climáticas locais. Originalmente, os ingleses produziam cerveja durante o verão.
Nessa época os micro-organismos que realizavam a fermentação eram
predominantemente da variedade Ale,
ao contrário das leveduras Lager
utilizadas em regiões mais frias.
As
leveduras inglesas tinham duas características marcantes: uma baixa capacidade
de esterificação, resultando em cervejas sem aromas frutados, e uma habilidade
de atenuar a fermentação a níveis muito baixos de açúcar residual, conferindo
às bebidas um paladar seco e marcante.
Outro
ponto fundamental era a malteação da cevada. Os malteiros ingleses, pioneiros
em técnicas de baixa caramelização, produziam maltes com cascas de coloração
clara. Isso resultava em cervejas levemente acobreadas e com interferência
mínima de sabores caramelizados. Antes do surgimento dos maltes bases claros,
as cervejas britânicas, como as Bitters,
eram reconhecidas como as mais claras da Europa.
A
busca por maior durabilidade durante o transporte impulsionou o desenvolvimento
de receitas mais amargas (com mais lúpulo) e alcoólicas (com mais malte). Essas
características, além de aumentar a complexidade das cervejas, criavam um
ambiente desfavorável para o desenvolvimento de bactérias, tornando as bebidas
mais resistentes à contaminação.
Principais
Estilos da Escola Inglesa
A
Escola Inglesa é berço de estilos icônicos que influenciam a produção mundial
até hoje. Entre os mais conhecidos estão:
· Porter
e Stout: A London Porter, uma cerveja
escura amplamente consumida no Reino Unido, gerou variações como a Brown Porter, a Baltic Porter e a Robust Porter. Esse estilo
foi precursor do que conhecemos hoje como Stout.
A Stout, que
significa "robusto" em inglês, surgiu como uma recriação da Porter, mas com identidade
irlandesa. Menos alcoólica, com corpo moderado e baixa carbonatação, é
representada mundialmente pela marca Guinness. Aqui na Cervejaria Suinga temos
a nossa premiada Eita Pega (Robust
Porter) que ganhou ouro no Concurso Brasileiro de Cervejas 2024.
·
Barleywine,
IPA e Imperial Stout:
A Escola Inglesa também é responsável por criar cervejas fortes e marcantes,
como as Barleywines,
as famosas IPAs
(Indian Pale Ales) e as intensas Imperial
Stouts.
·
Pale
Ale e Bitter:
Esses estilos mais leves e aromáticos completam a diversidade do catálogo
inglês.
Embora
as cervejas tradicionais permaneçam populares, a Inglaterra viu o surgimento de
um movimento voltado para a inovação. Hoje, diversas cervejarias locais
produzem cervejas artesanais de alta qualidade, como a escocesa BrewDog,
conhecida por sua abordagem criativa e ousada.
Escola Americana
A Escola
Americana é marcada pela sua capacidade de transformação e inovação.
Diferentemente das escolas europeias, que possuem características mais rígidas,
a americana se destaca pela pluralidade, incorporando elementos das tradições
alemã, belga e, sobretudo, inglesa – herança do período colonial britânico.
Antes da
Lei Seca de 1920, os Estados Unidos abrigavam cerca de 1.800 microcervejarias.
Essas pequenas operações eram, em sua maioria, comandadas por imigrantes
europeus e seus descendentes, que trouxeram consigo conhecimentos e técnicas
tradicionais de produção. No entanto, a proibição da fabricação e venda de
bebidas alcoólicas levou ao fechamento de quase todas as cervejarias, restando
apenas cerca de 60 quando a lei foi revogada em 1933. Este período deu espaço
para o domínio de grandes corporações, que priorizaram produtos padronizados e
de baixa qualidade, um legado ainda percebido no mercado mundial.
A Revolução Craft Brewing
Na década de 1960, um movimento de cervejeiros
caseiros, conhecido como craft brewing, começou a ganhar força nos
Estados Unidos. Essa revolução trouxe de volta a criatividade e a diversidade
ao universo cervejeiro. Hoje, o país conta com mais de 6 mil microcervejarias
ativas, destacando-se pela reinterpretação de estilos tradicionais e pela
criação de novas receitas.
Características da Escola Americana
A Escola
Americana reflete a cultura de exagero e inovação dos Estados Unidos. Assim
como seus carros grandes e potentes, as cervejas americanas são mais intensas,
mais amargas, alcoólicas, encorpadas e robustas. Os cervejeiros americanos
frequentemente experimentam com ingredientes incomuns, como abóbora, e buscam
constantemente criar algo único.
Um dos
exemplos mais emblemáticos é a reinvenção das IPAs e APAs
(American Pale Ales). Embora inspiradas nos estilos britânicos, as versões
americanas utilizam lúpulos locais, como Citra, Cascade e Mosaic, que conferem
aromas e sabores mais cítricos e tropicais.
Os americanos não se limitaram a reinterpretar
estilos existentes – foram além, criando as Imperial IPAs, que
apresentam teor alcoólico elevado, mais malte, maior amargor e intensidade
aromática. Esse conceito de "Imperial" foi ampliado para outros
estilos, dando origem a variações como Imperial Pilsen, Imperial
Kölsch e Imperial Amber Ale.
Além disso, os cervejeiros americanos resgatam
receitas milenares e as adaptam ao contexto contemporâneo, como nas cervejas Chateau
Jiahu e Midas Touch da Dogfish Head, que se inspiram em registros
históricos de estilos há muito esquecidos.
Reconhecimento e Difusão Global
Embora a Escola Americana seja recente em
comparação às europeias, sua influência se espalhou rapidamente pelo mundo.
Hoje, estilos como American Lager, American IPA, Pumpkin Ale,
American Porter e American Barleywine são amplamente reconhecidos
e consumidos. A American Standard Lager, mesmo sendo associada às
grandes corporações, é a cerveja mais consumida globalmente.
Para os entusiastas de cervejas artesanais, estilos
americanos como a APA, com seu perfil lupulado e aromático, são escolhas
indispensáveis. A popularidade das Craft Beers resgatou a identidade
cervejeira dos Estados Unidos, mostrando que a criatividade e o pioneirismo
ainda são marcas registradas dessa escola.
Cervejaria Suinga e a Escola Americana
Aqui
Cervejaria Suinga abraçamos a essência da Escola Americana com a sua inovação e
versatilidade. Confira algumas opções que temos em nosso portifólio:
Ziriguidum: Nossa Pilsen refrescante honra a simplicidade e
qualidade.
Don’t
Call Me Pilsen: A Hop Lager da Suinga é ousada, com notas
aromáticas dos lúpulos americanos.
Suavipa: Uma
Session IPA leve e equilibrada, perfeita para qualquer momento.
Irajá: É uma
Red IPA cerveja encorpada, com malte caramelizado e um amargor marcante.
Brisa
Tropical: Nossa American IPA é uma explosão de sabores tropicais e cítricos,
típica das IPAs americanas.