As Escolas Cervejeiras Alemã e Belga e seus Estilos

 


As Escolas Cervejeiras organizam os diferentes estilos de cerveja de acordo com suas características e tradições. Hoje existem quatro Escolas: Alemã, Inglesa, Bélgica e Americana.

Essas divisões são importantes pois muitos estilos podem ter versões diferentes. Por exemplo, a Pale Ale pode ser encontrada nas versões belga, americana ou inglesa, e cada uma delas tem um sabor bem distinto.

As Escolas veem ganhando popularidade especialmente por Concursos de Cerveja e também por Cervejarias Artesanais. Hoje vamos nos aprofundar em duas a Escolas Alemã e Belga.

Barris de uma adega tipica alemã

Escola Cervejeira Alemã

A história da Escola Alemã começa com a expansão do Império Romano e os movimentos migratórios da Mesopotâmia em direção à Europa. Foi nessa região onde hoje está a Alemanha que a produção de cerveja ganhou força.

Até o século VIII, a produção de cerveja era uma tarefa doméstica, responsabilidade das mulheres das tribos. Porém, no século XI, os mosteiros começaram a se tornar os principais centros produtores de cerveja, especialmente no sul da Alemanha.

Nesse período, o conhecimento sobre produção de cerveja começou a se expandir, pois os monges e freiras eram os responsáveis não apenas pela Teologia, mas também pelo avanço do conhecimento sobre os processos de fabricação da cerveja e seus ingredientes.

O Uso do Lúpulo

Nessa época as cervejas eram temperadas com uma mistura de ervas e especiarias chamadas "gruit". O lúpulo, por sua vez, já era utilizado desde o século IX, mas o primeiro registro escrito sobre sua utilização foi feito pela monja beneditina Hildegard von Bingen no século XII. A mudança do gruit para o lúpulo foi gradual, mas foi uma revolução, pois, além de conferir amargor e aromas agradáveis, o lúpulo também tinha uma função conservante. Isso acabou se tornando uma característica chave para o desenvolvimento das cervejas alemãs.


Praça onde é realizado a abertura da Oktoberfest na cidade de Munique

Reinheitsgebot: A Lei de Pureza Alemã

A Lei de Pureza Alemã (ou Reinheitsgebot) foi promulgada em 1516 pelo Duque Guilherme IV da Baviera. Ela determinava que a cerveja deveria ser feita com apenas três ingredientes: água, malte e lúpulo. Na época, a levedura ainda não era conhecida, mas ela foi incluída posteriormente na lei. A grande motivação por trás dessa escolha foi a exclusividade do uso do lúpulo: enquanto o gruit era um segredo dos mosteiros, que não pagavam impostos, o lúpulo permitia uma produção mais padronizada e controlada, além de ser mais eficaz no processo de conservação da bebida.

A Lei de Pureza Alemã teve um impacto profundo e duradouro na história da cerveja, estabelecendo os pilares para a produção de cervejas de alta qualidade, com foco na simplicidade e na pureza dos ingredientes.

A Família Lager

A palavra Lager significa "local de armazenamento" e descreve o processo de fermentação que ocorre em lugares frescos e escuros, longe do calor. Esse processo, que ao longo do tempo se aprimorou, se tornou um dos principais legados da Escola Alemã.

Vamos conhecer alguns dos principais estilos de cerveja alemã que são apreciados em todo o mundo:

Lagers Claras: São as Lagers mais conhecidas, como a Pilsner e a Helles, caracterizadas por serem refrescantes e de cor dourada. Elas têm um sabor mais leve e são ideais para quem procura uma cerveja fácil de beber. Aqui na Suinga a representante do estilo é a nossa Abaporu.

Lagers Escuras: As Lagers escuras, como a Dunkel e a Schwarzbier, têm um perfil mais maltado, com notas de caramelo e café. São cervejas com mais corpo e sabores mais profundos.

Cervejas de Trigo: As cervejas de trigo são outra grande tradição na Alemanha, com destaque para a Hefeweizen, que é turva e apresenta notas frutadas e picantes. São refrescantes e perfeitas para os dias quentes de verão.

Berliner Weisse: Essa cerveja de trigo é muito clara, com um perfil ácido e seco. Costuma ser consumida com xaropes de frutas para suavizar sua acidez.

Gose: É uma cerveja de trigo com um toque salgado, devido à adição de sal marinho, e notas condimentadas de coentro. Tem um perfil ácido, mas com um sabor único.

Kölsch: As Kölsch é uma Ale dourada que passa por fermentação a frio, oferecendo aromas delicados de maçã e pêra, e um paladar seco e leve. Na Suinga temos a Brasilia Amarela.

Altbier: Esse se destaca como uma cerveja de cor avermelhada, com um sabor maltado de casca de pão e nozes, equilibrado com amargor de lúpulo.

Rauchbier: Uma cerveja defumada, feita com maltes tostados em fornalhas de lenha. O sabor é tão característico que lembra até o gosto de bacon!


Escola Cervejeira Belga


A Cervejaria Cantillon foi fundada em 1900 é uma das mais tradicionais da Bélgica

A história da cerveja belga começa há cerca de dois mil anos, nos tempos de Júlio César, quando a região da Gália (atual Bélgica e França) já produzia uma versão própria da bebida, mais encorpada e potente que a cerveja consumida pelos romanos. Naquela época, a fabricação era uma atividade doméstica e rural, passando por gerações e sendo adaptada.

Com a queda do Império Romano e o crescimento do poder da Igreja, a produção de cerveja começou a migrar para os monastérios. Os monges, além de servirem à população, eram responsáveis por aprimorar as técnicas de produção, criando cervejas com perfis únicos: mais complexas, alcoólicas e intensamente aromáticas.

Enquanto os monastérios elevavam o conhecimento sobre a arte cervejeira, o surgimento de cervejarias em escala industrial nas cidades ajudou a moldar o que hoje conhecemos como a Escola Belga.

Ditado que diz " O Tempo Não Respeita O Que Se Faz Sem Ele". Para o universo das cervejas belga essa frase diz que a pressa é inimiga da perfeição!

Principais Estilos da Escola Belga

A Bélgica é conhecida por produzir cervejas complexas e intensamente frutadas, muitas vezes consideradas as melhores do mundo. Elas servem como uma porta de entrada para o universo das cervejas artesanais, especialmente para apreciadores de vinho, graças ao perfil seco e alcoólico de alguns estilos.

Witbier: É cerveja de trigo tradicional, com adição de especiarias como coentro e casca de laranja, trazendo um perfil leve, refrescante e ligeiramente cítrico. A nossa witbier é a Oh Linda.

Estilos Trapistas: Produzidos por monges trapistas seguindo rígidos padrões, incluem variações como Dubbel, Tripel e Quadrupel, famosas por sua riqueza de aromas e teor alcoólico elevado.

Flanders Red Ale e Oud Bruin: Conhecidas por sua acidez característica, essas cervejas envelhecem em barris de carvalho, desenvolvendo sabores complexos que lembram frutas vermelhas e vinagre balsâmico.

Saison: Originária da região da Valônia, é uma cerveja sazonal e rústica, com final seco, aroma frutado e especiarias.

Lambics: Um dos estilos mais antigos e únicos da Bélgica, produzido por fermentação espontânea. Incluem subestilos como Gueuze, Kriek e Framboise, que combinam a complexidade da fermentação selvagem com sabores de frutas.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário