Essas divisões são importantes pois muitos estilos
podem ter versões diferentes. Por exemplo, a Pale Ale pode ser
encontrada nas versões belga, americana ou inglesa, e cada
uma delas tem um sabor bem distinto.
As Escolas veem ganhando popularidade especialmente
por Concursos de Cerveja e também por Cervejarias Artesanais. Hoje vamos nos
aprofundar em duas a Escolas Alemã e Belga.
A história da Escola Alemã começa com a expansão do
Império Romano e os movimentos migratórios da Mesopotâmia em direção à Europa.
Foi nessa região onde hoje está a Alemanha que a produção de cerveja ganhou
força.
Até o século VIII, a produção de cerveja era uma
tarefa doméstica, responsabilidade das mulheres das tribos. Porém, no século
XI, os mosteiros começaram a se tornar os principais centros produtores de
cerveja, especialmente no sul da Alemanha.
Nesse período, o conhecimento sobre produção de
cerveja começou a se expandir, pois os monges e freiras eram os responsáveis
não apenas pela Teologia, mas também pelo avanço do conhecimento sobre os
processos de fabricação da cerveja e seus ingredientes.
O Uso do Lúpulo
Nessa época as cervejas eram temperadas com uma mistura de ervas e especiarias chamadas "gruit". O lúpulo, por sua vez, já era utilizado desde o século IX, mas o primeiro registro escrito sobre sua utilização foi feito pela monja beneditina Hildegard von Bingen no século XII. A mudança do gruit para o lúpulo foi gradual, mas foi uma revolução, pois, além de conferir amargor e aromas agradáveis, o lúpulo também tinha uma função conservante. Isso acabou se tornando uma característica chave para o desenvolvimento das cervejas alemãs.
Reinheitsgebot: A Lei de Pureza Alemã
A Lei de Pureza Alemã (ou Reinheitsgebot) foi
promulgada em 1516 pelo Duque Guilherme IV da Baviera. Ela determinava que a
cerveja deveria ser feita com apenas três ingredientes: água, malte e lúpulo.
Na época, a levedura ainda não era conhecida, mas ela foi incluída
posteriormente na lei. A grande motivação por trás dessa escolha foi a exclusividade
do uso do lúpulo: enquanto o gruit era um segredo dos mosteiros, que não
pagavam impostos, o lúpulo permitia uma produção mais padronizada e controlada,
além de ser mais eficaz no processo de conservação da bebida.
A Lei de Pureza Alemã teve um impacto profundo e
duradouro na história da cerveja, estabelecendo os pilares para a produção de
cervejas de alta qualidade, com foco na simplicidade e na pureza dos
ingredientes.
A Família Lager
A palavra Lager significa "local de
armazenamento" e descreve o processo de fermentação que ocorre em lugares
frescos e escuros, longe do calor. Esse processo, que ao longo do tempo se
aprimorou, se tornou um dos principais legados da Escola Alemã.
Vamos conhecer alguns dos principais estilos de
cerveja alemã que são apreciados em todo o mundo:
Lagers Claras: São as Lagers mais conhecidas, como
a Pilsner e a Helles, caracterizadas por serem refrescantes e de cor dourada.
Elas têm um sabor mais leve e são ideais para quem procura uma cerveja fácil de
beber. Aqui na Suinga a representante do estilo é a nossa Abaporu.
Lagers Escuras: As Lagers escuras, como a Dunkel e
a Schwarzbier, têm um perfil mais maltado, com notas de caramelo e café. São
cervejas com mais corpo e sabores mais profundos.
Cervejas de Trigo: As cervejas de trigo são outra
grande tradição na Alemanha, com destaque para a Hefeweizen, que é turva e
apresenta notas frutadas e picantes. São refrescantes e perfeitas para os dias
quentes de verão.
Berliner Weisse: Essa cerveja de trigo é muito clara,
com um perfil ácido e seco. Costuma ser consumida com xaropes de frutas para
suavizar sua acidez.
Gose: É uma cerveja de trigo com um toque salgado,
devido à adição de sal marinho, e notas condimentadas de coentro. Tem um perfil
ácido, mas com um sabor único.
Kölsch: As Kölsch é uma Ale dourada que passa por
fermentação a frio, oferecendo aromas delicados de maçã e pêra, e um paladar
seco e leve. Na Suinga temos a Brasilia Amarela.
Altbier: Esse se destaca como uma cerveja de cor
avermelhada, com um sabor maltado de casca de pão e nozes, equilibrado com
amargor de lúpulo.
Rauchbier: Uma cerveja defumada, feita com maltes
tostados em fornalhas de lenha. O sabor é tão característico que lembra até o
gosto de bacon!
Escola Cervejeira Belga
Com a queda do Império Romano e o crescimento do
poder da Igreja, a produção de cerveja começou a migrar para os monastérios. Os
monges, além de servirem à população, eram responsáveis por aprimorar as
técnicas de produção, criando cervejas com perfis únicos: mais complexas,
alcoólicas e intensamente aromáticas.
Enquanto os monastérios elevavam o conhecimento
sobre a arte cervejeira, o surgimento de cervejarias em escala industrial nas
cidades ajudou a moldar o que hoje conhecemos como a Escola Belga.
A Bélgica é conhecida por produzir cervejas
complexas e intensamente frutadas, muitas vezes consideradas as melhores do
mundo. Elas servem como uma porta de entrada para o universo das cervejas
artesanais, especialmente para apreciadores de vinho, graças ao perfil seco e
alcoólico de alguns estilos.
Witbier: É cerveja de trigo tradicional, com adição de especiarias como coentro e casca de laranja, trazendo um perfil leve, refrescante e ligeiramente cítrico. A nossa witbier é a Oh Linda.
Estilos Trapistas: Produzidos por monges trapistas
seguindo rígidos padrões, incluem variações como Dubbel, Tripel e Quadrupel,
famosas por sua riqueza de aromas e teor alcoólico elevado.
Flanders Red Ale e Oud Bruin: Conhecidas por sua
acidez característica, essas cervejas envelhecem em barris de carvalho,
desenvolvendo sabores complexos que lembram frutas vermelhas e vinagre
balsâmico.
Saison: Originária da região da Valônia, é uma
cerveja sazonal e rústica, com final seco, aroma frutado e especiarias.
Lambics: Um dos estilos mais antigos e únicos da
Bélgica, produzido por fermentação espontânea. Incluem subestilos como Gueuze,
Kriek e Framboise, que combinam a complexidade da fermentação selvagem com
sabores de frutas.
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